terça-feira, 2 de março de 2010

Por que sentimos ansiedade?

- "Relaxe, você precisa parar de ser tão ansiosa!"
Quantas vezes já ouvimos de alguém próximo essa frase? ... eu milhares.

Para início de conversa, é bom separar a ansiedade do transtorno de ansiedade. A ansiedade pura e simples é a manifestação fisiológica de um estado de atenção, ligado ao instinto de preservação da vida. A ansiedade é a expectativa da decisão de fugir ou lutar diante de um perigo iminente. É um estado anterior ao estresse. Como nosso ancestral estava praticamente o tempo todo exposto ao perigo, seu estado de alerta estava sempre ligado. A qualquer momento ele poderia ser atacado, e então teria que decidir o que fazer para salvar sua vida. A primeira decisão costumava ser a de fugir, e, se não fosse possível, lutar. E essa decisão precisava ser tomada em instantes. O sintoma de que o sistema de alerta está sempre ligado é o que podemos chamar de ansiedade. E isso não só é normal como é desejável.
Já o transtorno de ansiedade não é fisiológico, é patológico e faz sofrer. Quando uma pessoa desencadeia um sentimento de ansiedade desproporcional à causa, ou até na ausência desta, dizemos que ela está sofrendo de um transtorno de ansiedade. E isso é mais comum do que se pensa. De certa forma, todos nós já experimentamos essa situação, que só se torna preocupante quando é recorrente e constante.
Os transtornos de ansiedade costumam ser diagnosticados e tratados não como oscilações emocionais, e sim como estados de fobia, por estarem sempre ligados a algum tipo de medo. O mais expressivo é exatamente chamado de transtorno do medo, em que a pessoa passa a confundir a ansiedade com o medo até transformar totalmente a primeira no segundo, e começa a temer coisas e fatos que normalmente seriam tratados até com algum desdém. Como o futuro é desconhecido, passa a ser também temido, e há quem sinta medo do próprio medo. Pelo desconforto que ele causa, o medo passa ser temido. Como um uróboro, a serpente que come sua própria cauda, o medo se alimenta dele mesmo.
Há também as variantes desse transtorno, ligados a situações específicas. O transtorno agorafóbico, por exemplo, está ligado ao medo de estar em locais públicos, longe da proteção do lar e dos familiares. Ágora significa praça em grego, local aberto, desprotegido. Essa ansiedade é tão insuportável que leva a pessoa a isolar-se do mundo e não querer sair de casa. Quando ela sai, experimenta palpitação, sudorese, agitação, sensação de perigo próximo. Esse é o primeiro passo em direção à síndrome do pânico.
Há a fobia social, um tipo de transtorno em que a vítima sente-se permanentemente vulnerável ao julgamento dos demais. Como isso causa insegurança e sofrimento, ela evita o contato com outras pessoas, especialmente as desconhecidas. E, ao fazer isso, reforça a certeza de que é melhor ficar afastada. Fobias outras aparecem cá e lá, com alguma freqüência. São medos específicos que se manifestam no cotidiano por uma grande sensação de desconforto e que podem prejudicar o andamento normal da vida. Quando isso acontece, é bom não brincar. O tratamento especializado é necessário.
Diante dessa realidade surgem os questionamentos: queremos curtir a natureza e a cidade, mas as tememos. Desejamos a companhia de pessoas, mas sabemos que elas poderão ser causa de aborrecimento. Esperamos realizar coisas que dependem de tempo e queremos que este passe depressa, mas ele é o mesmo que, ao passar, nos envelhece.
10 dicas para espantar a ansiedade:
• Organize-se: Quando as coisas estão em seus devidos lugares, colocamos menos energia em resolver o cotidiano.
• Priorize: Faça primeiro o que é mais importante.
• Confie: De pouco adianta suspirar pelas coisas que são de responsabilidade de outros. Aprenda a confiar mais nas pessoas.
• Valorize: Atenha-se ao que realmente tem valor, como a amizade, a saúde e a ética, e não às picuinhas, à inveja, às fofocas.
• Diversifique: Não ponha toda sua energia em uma só atividade. Trabalhe, sim, mas também namore, pratique seus hobbies etc.
• Relaxe: A partir do relaxamento muscular chegamos ao relaxamento mental.
• Divirta-se: O bom humor, o riso e a alegria são antídotos poderosos contra a ansiedade. Não leve a vida tão a sério.
• Compartilhe: Quando dividimos nossas ansiedades com alguém de confiança, passamos a compreender melhor os motivos.
• Medite: Reserve momentos para ficar em silêncio, sem fazer nada.
• Cuide-se: Orientação psicológica ajuda a conviver com as dificuldades da vida.

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